O que é que David Sedaris sabe sobre escrita que a maioria de nós não sabe?
O que é que Anne Lamott pode fazer que o seu copywriter tradicional não pode?
Que tal entreter e envolver um público, então e depois levá-los a agir? Que tal contar histórias que cativem e convertam os leitores em defensores?
Espere um segundo …
Estamos a falar de escrever memórias – ou redação?
Exatamente.
Depois de ter acabado de escrever um livro de memóriasapercebi-me do quanto a redação me tinha preparado para escrever narrativas de não-ficção. Afinal, as duas coisas têm mais em comum do que eu pensava.
Talvez, tal como eu, tenha percebido mal a relação entre uma tradição literária como as memórias e a redação.
Se já anda no Copyblogger há algum tempo, sabe que há muito para escrever um bom texto é muito mais do que pontos e palavras em negrito. No final, um bom copywriting parece-se muito com o simples e velho bom escrevere vice-versa.
Aqui estão três chaves para escrever um ótimo livro de memórias – e bom exemplar:
1. Conte uma história interessante
O facto de ter acontecido não a torna interessante.
~ Marion Roach Smith
Toda a gente gosta de uma boa história. E toda a gente odeia uma que se arrasta. Mas raramente um mau contador de histórias sabe que está a aborrecer o seu público até à morte.
Então, o que é que faz? Como é que cria uma narrativa cativante que faz a diferença?
Simples.
Primeiro, escreva a história. Depois, corte impiedosamente todos os pormenores e diálogos que não conduzam à narrativa. E depois reconte a história – ao estilo de Hemingway – apenas com os o essencial.
Se ainda se mantiver firme, tem algo bom. Algo forte. Algo que vale a pena partilhar.
2. Escreva o que está no seu íntimo
Se algo dentro de si é real, é provável que o achemos interessante e que seja universal.
~Anne Lamott
Um bom livro de memórias não é sobre o que aconteceu. Tem a ver com um tema, algo maior do que o assunto e o contexto.
Por outras palavras, a sua história sobre crescer nos anos 60 com um pai alcoólico é apenas o cenário para a história que está prestes a contar. A história em si é sobre redenção, perdão ou aprender a sobreviver em circunstâncias impossíveis.
Mas nunca cometa o erro de pensar que a sua marca, a sua ideia, a sua mensagem é sobre o produto que representa ou a pessoa que a conta. Isso é apenas uma desculpa para partilhar a Grande IdeiaA sua ideia principal é o que vai ligar ao coração do leitor.
Um bom tema é universal, algo com que qualquer pessoa, em qualquer lugar, se pode relacionar. É seu dever, como escritor, ligar o público ao tema. Se tudo o que faz é contar uma boa história, então não fez o seu trabalho.
3. Não faça de si o herói (mas também não nos faça odiá-lo)
Gostar da pessoa com quem viajamos é o elemento mais importante para nos atrair para a história.
~ Blake Snyder
Há um truque contra-intuitivo que a maioria dos grandes comediantes usa para conquistar o seu público. É uma estratégia simples, mas eficaz, para fazer com que goste deles. E funciona sempre.
O que é isso?
Envergonhar-se a si próprios. Têm de fazer ou dizer algo estúpido e expô-lo para que todos ouçam. É assim que eles fazem com que você goste deles. A auto-depreciação funciona.
O que acontece quando faz asneiras e não as tenta esconder? Começamos a acreditar em si. Porque você é humano, tal como nós – com todas as verrugas. E se vai ser honesto sobre as suas falhas, então talvez possamos confiar em si.
O que é que isto significa para si? Significa que, quando se sentar para escrever o próximo anúncio, publicação no blogue ou boletim informativo, tem de procurar um ponto fraco seu que possa expor.
Mostre as suas cicatrizes e veja como isso abre conversas que não existiam antes. Depois, aproveite essa confiança para comunicar algo mais profundo, algo importante que o seu público precisa de ouvir. E procure formas de fazer com que os seus leitores – e não a si – o herói.
Mas tenha cuidado… Porque quando der por si, já não é “apenas um redator”. Agora está a escrever memórias.